Perguntai ao muro |
Muro, em que meditas, ao longo da estrada, por estas quintas, casas, ermos, entre paixões de alma dos espectros presentes e vindouros? E os vivos, porque se escondem por trás da tua fronte alta, quieta, seca, que cobiça os astros, sem saber que o teu corpo de xisto corre, avança, mas não pode soltar-se da Terra e alcançar o Alto? Fiama Hasse Pais Brandão As Fábulas edições quasi |
Fiama Hasse Pais Brandão destacou-se sobretudo na poesia, constando da sua obra os títulos "O Aquário","Cantos do Canto", ou "Obra Breve".
Recebeu em 1957 o Prémio Adolfo Casais Monteiro pela obra "Em Cada Pedra Um Voo Imóvel".
Casada com o poeta Gastão Cruz, dedicou-se igualmente à escrita para teatro, tendo a sua primeira peça, "Os Chapéus de chuva", sido distinguida com o Prémio Revelação de Teatro, em 1961.
Traduziu Brecht, Artaud e Novalis, entre outros autores, e colaborou em revistas literárias, como Seara Nova, Cadernos do Meio-Dia, Brotéria, Vértice, Plano, Colóquio-Letras, Hífen, Relâmpago e Phala.
Ao nível do ensaio, escreveu, entre outros, "O Labirinto Camoniano e Outros Labirintos", sobre a influência cabalística em diversos autores portugueses dos séculos XVI a XVIII.
Algumas obras
Poesia - Morfismos (1961)Barcas Novas (1967)Novas visões do passado (1975)Homenagemàliteratura (1976)F de Fiama (1986)Três Rostos (1989)Movimento Perpétuo (1992)Epístolas e Memorandos (1996)Cenas Vivas (2000)As Fábulas (2002)
Teatro - Os Chapéus de Chuva (1961)A Campanha (1965)Quem Move as Árvores (1979)Teatro-Teatro (1990)
Prosa - Em Cada Pedra Um Voo Imóvel (1958)Movimento Perpétuo (1991)Sob o Olhar de Medeia (1998)
Ensaio - O Labirinto Camoniano e Outros Labirintos (1985)
In Público, 20/01/07.
Sobre a CRÓNICA, modalidade de texto dos Media, recomenda-se o artigo na Wikipédia. Atenção às diferenças da linguagem, pois o documento está redigido na norma do português do Brasil.
A propósito do novo ano, ouçamos o poeta e a sua imensa sabedoria:
Ano Passado
O ano passado não passou,
continua incessantemente.
Em vão marco novos encontros.
Todos são encontros passados.As ruas, sempre do ano passado,
e as pessoas, também as mesmas,
com iguais gestos e falas.
O céu tem exatamente
sabidos tons de amanhecer,
de sol pleno, de descambar
como no repetidíssimo ano passado.Embora sepultos, os mortos do ano passado
sepultam-se todos os dias.
Escuto os medos, conto as libélulas,
mastigo o pão do ano passado.E será sempre assim daqui por diante.
Não consigo evacuar
o ano passado.
Carlos Drummond de Andrade
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