Por aqui vão surgir materiais de interesse para o apoio aos alunos do ensino secundário da Póvoa de Lanhoso, na disciplina de Português
a ti que ficas em casa e guardas com tua sombra o lar e preparas o pão e passas as tuas mãos ternas sobre as coisas que nos dão conforto.
a ti mulher, que na frenética respiração das máquinas misturas o bater do peito com o ritmo dos teares.
a ti mulher carregada do negrume das repartições em resmas de ofícios, que aguardas com olhar doce, cansado, irritado, o público contribuinte.
a ti mulher, que na competição cega das empresas reclamas a promoção, a chefia que longos milénios te negaram.
a ti mulher de bata branca que em zelos vários fazes saúde, educação.
a ti mulher, na lenta conquista do poder, nos media, na organização da res publica.
a ti mulher que és mãe, avó, esposa, amante, namorada, viúva, freira, companheira, amiga, camarada, prostituta, manequim, teenager, nas tuas múltiplas metamorfoses duma vida intensa.
A todas vós obrigado.
Publicado no «Aparipasso» em Março de 2006.
Femininas Antoniella Devanier
Sombras doces, que escondem vidas
Doces onças, que ferem as grades
Pacatas visões, que encontram ninas
Minhas onças femininas, num harém.
Desferem garras e golpeiam memórias.
Ana Cristina Cesar que revive estórias,
Marias que alimentam filhos livres,
Adélia Prado e suas novas glórias.
Aleluias, minhas meninas-tigres
Meio-onças que revivem lidas
ao lado de seus machos heróis,
em batalhas ocultas e diárias.
Não olvidem dessas sombras doces
Que acompanham tigres ou outras onças.
Apenas, amem a labuta de seus olhos,
são ternas retinas, femininas.